sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Interpretação de texto 5º ano

A VELHA CONTRABANDISTA

Diz que era uma velhinha que sabia andar de lambreta. Todo dia ela passava pela fronteira montada na lambreta, com um bruto saco atrás da lambreta. O pessoal da Alfândega – tudo malandro velho – começou a desconfiar da velhinha.
Um dia, quando ela vinha na lambreta com o saco atrás, o fiscal da Alfândega mandou ela parar. A velhinha parou e então o fiscal perguntou assim pra ela:
- Escuta aqui, vovozinha, a senhora passa por aqui todo dia, com esse saco aí atrás. Que diabo a senhora leva nesse saco?
A velhinha sorriu com os poucos dentes que lhe restavam e mais os outros, que ela adquirira no odontólogo e respondeu:
- É areia!
Aí quem sorriu foi o fiscal. Achou que não era areia nenhuma e mandou a velhinha saltar da lambreta para examinar o saco. A velhinha saltou, o fiscal esvaziou o saco e dentro só tinha areia. Muito encabulado, ordenou à velhinha que fosse em frente. Ela montou na lambreta e foi embora, com o saco de areia atrás.
Mas o fiscal ficou desconfiado ainda. Talvez a velhinha passasse um dia com areia e no outro com muamba, dentro daquele maldito saco. No dia seguinte, quando ela passou na lambreta com o saco atrás, o fiscal mandou parar outra vez. Perguntou o que é que ela levava no saco e ela respondeu que era areia, uai! O fiscal examinou e era mesmo. Durante um mês seguido o fiscal interceptou a velhinha e, todas as vezes, o que ela levava no saco era areia.
Diz que foi aí que o fiscal se chateou:
- Olha, vovozinha, eu sou fiscal de alfândega com 40 anos de serviço. Manjo essa coisa de contrabando pra burro. Ninguém me tira da cabeça que a senhora é contrabandista.
- Mas no saco só tem areia! – insistiu a velhinha. E já ia tocar a lambreta, quando o fiscal propôs:
- Eu prometo à senhora que deixo a senhora passar. Não dou parte, não apreendo, não conto nada a ninguém, mas a senhora vai me dizer: qual é o contrabando que a senhora está passando por aqui todos os dias?
- O senhor promete que não “espaia” ? – quis saber a velhinha.
- Juro – respondeu o fiscal.
- É lambreta.
(Stanislaw Ponte Preta)

Interpretação do texto

1) O que a velhinha carregava dentro do saco, para despistar o guarda?
2) O que o autor quis dizer com a expressão “tudo malandro velho”?
3) Leia novamente o 4º parágrafo do texto e responda:
Quando o narrador citou os dentes que “ela adquirira no odontólogo”, a que tipo de dentes ele se referia?
4) Explique com suas palavras qual foi o truque da velhinha para enganar o fiscal.
5) Quando a velhinha decidiu contar a verdade?
6) Qual é a grande surpresa da história?


UM PLANO PERFEITO

- Seu desgraçado! O que você foi fazer? A Isa teve zero!
- Teve zero! Não diga!
- Como é que você foi me aprontar essa? Fui falar com a Isa e levei uma bofetada, na frente de toda a turma. Foi a maior vergonha. Agora eu vou ter de mudar de escola! A minha reputação está arrasada!
- Lá vem você com essa tal de reputação!
- Eu tive oito. Como é que a Isa teve zero?
- Vai ver ela não entendeu a cola…
- Cachorro! Você passou cola errada pra ela! Só pra acabar comigo!
- Sabe, Vinícius? Eu estava mesmo a fim de fazer o que você me pediu. Só que eu não conhecia a Isa direito. Foi chegar lá, ver aquela gatinha… Depois sentar atrás dela… Aquele perfume, aquele cabelo solto, ela passando os dedinhos pelos cabelos, pensando… aí eu não resisti…
- Cachorrão! Irmão desnaturado! Você entrou na da Isa!
- É … acho que entrei mesmo… De cabeça.
- Mas se você entrou na dela, por que foi passar cola errada? Está fora de lógica literária de novo. Se você entrou nesse “amor de perdição”, devia é ter ajudado!
- Pensei nisso, Vinícius. Pensei bastante. Mas, se eu tivesse ajudado a Isa, aí sim é que eu não teria jeito de ganhar a garota. Você se esquece que, naquele momento, eu era você? Se eu tivesse feito ela tirar oito, do jeito que eu fiz você tirar, ela ficaria agradecida a você, não a mim…
- Cachorrão! Cachorrão e burro. E o que você ganhou fazendo ela tirar zero e arrasando a minha reputação na frente de todo mundo?
- O meu plano foi perfeito, Vinícius. A Isa ficou definitivamente furiosa com você. Depois da bofetada, eu fui encontrá-la e ela estava chorando de raiva. Daí bastou consolá – la, enxugar as lagriminhas dela no meu ombro e prometer ajudá-la a estudar matemática. Com um professor como eu, ela não vai ficar de recuperação. Pode crer.
- Canalha! Irmão ou não, vou quebrar a sua cara!
- Não vai não.
- Não vou? Por quê?
- Porque o conto já acabou.
 Carlos Queiroz Telles. Sete Faces da família, contos. Org. por Márcia Kupts, 1. Ed. São Paulo, Moderna. P. 77-8. Coleção Veredas)

       

1. Por que Vinícius ficou furioso com seu irmão?

 2.Além de perder a namorada, Vinícius acha que a sua reputação está arrasada. Por quê?         

3.Por que o plano do irmão de Vinícius foi perfeito?

4.Por que, mesmo tirando zero na prova, Isa não vai ficar de recuperação em Matemática?  
“Você se esquece que, naquele momento, eu era você”? A que momento o autor se refere?

5.Como você consideraria a atitude do irmão de Vinícius?
a)      Inteligente
b)      Astuta
c)      Desleal
d)     Romântica
Justifique seu ponto de vista.